terça-feira, 11 de junho de 2019

Sublimação, de Gilka Machado


Alguns livros atraem a nossa atenção de maneira peculiar, este é o caso de “Sublimação”, livro de poesias de 1938 de Gilka Machado (1893-1980). Você já ouviu falar dela? Gilka é uma das mulheres representantes do simbolismo e pioneira da poesia erótica no Brasil. Casou-se aos 17 anos com o também poeta e jornalista Rodolfo Machado, com quem teve dois filhos e de quem ficara viúva logo aos 30 anos. Passou por dificuldades financeiras, chegou a trabalhar como diarista na Central do Brasil e depois administrou uma pensão e chegou a fazer refeições para fora. 

Uma guerreira que mesmo nesse contexto nunca desistiu da poesia. Até que em 1931 ganhou um importante prêmio da revista “O Malho” sendo considerada na ocasião a maior poetisa brasileira, eleita por 200 intelectuais. Poderia ter sido a primeira mulher a fazer parte da Academia Brasileira de Letras quando, após mudança do estatuto que (inacreditavelmente) proibia o ingresso de mulheres, foi convidada a participar por indicação de Jorge Amado, mas ela negou, após uma sucessão de críticas e ofensas a sua pessoa devido aos teores de suas palavras, sempre docemente eróticas, mas para época, consideradas agressivas. Carlos Drummond de Andrade e Nelson Rodrigues eram grandes admiradores da poetisa. 

Foi uma porta-voz da representação de experiências da intimidade feminina, até então proibidas e e rejeitadas severamente por parte da crítica moralista. Firmou-se assim como precursora na luta pelos direitos de acesso à representação do prazer erótico na poesia feminina brasileira, lutou pelo direito da mulher ao voto.

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