terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Sobre a Prática da Leitura


Os nossos meninos, até agora, nunca foram muito de ler. E achamos sempre angustiante e temerário impor algumas práticas as crianças e adolescentes, talvez nem seja justo ou correto. A nossa ideia sempre foi de criar ambientes em torno deles para permitir brotar o que desejássemos a eles. É assim na alimentação, nas viagens e na simplicidade do dia a dia. 

Tudo gira em torno do exemplo e do meio que propiciamos. Nesse final de semana eles nos ajudaram no sebo, e enquanto bateu uma chuva gostosa na parte da tarde, e o sebo viveu uma calmaria, cada um deles puxou um livro da prateleira. 

O Vini, de 15 anos (ele sempre fala que eu erro pra baixo a idade dele, mas mal sabe ele que é sempre uma tentativa de auto engano) estava aprofundado e encantado com Fernando Pessoa, chegou até a criticar sutilmente o nosso acervo, por hoje termos apenas três livros do gênio português. 

O Gui, de 9 anos, identificou pela capa um livro que ele já havia visto algum dia na biblioteca da escola, “It A Coisa” do Stephen King. Dissemos que é um livro de terror, mas ele logo resolveu isso: “não pai, de boa, só vou ler a primeira página mesmo, não tenho paciência pra ler um livro de mil páginas, não vou ficar a vida inteira lendo um único livro”. Contamos essa história porque a ideia do nosso espaço é justamente essa. 

Que as pessoas e principalmente as crianças, muito antes de comprarem qualquer item, façam algo muito mais interessante, que simplesmente estejam ali. Que se sintam bem entre os livros, que os peguem, os cheire e os abrace, como algumas fazem. Que elas criem familiaridade e amizade com os livros... é isso... boa terça-feira chuvosa a todos !!! 🙏🏼📚❤️ 

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Visitas Especiais ao Sebo


Esses garotos não devem ter mais do que 14 anos. Estudam próximo do sebo, numa unidade do Senai. Entraram com três livros debaixo do braço: um Charles Bukowski, um Dostoiévski e uma coletânea de poesias, num início de noite de uma sexta-feira, numa dessas aberturas noturnas esporádicas que fazemos durante alguns dias de semana: “Tio, o senhor aceita esses livros como parte de pagamento?”. Dissemos que lógico. 

Eles ficaram uns quarenta minutos analisando as prateleiras, todas. Escolheram dois pequenos livros de contos. Ainda devolvemos R$ 10,00 a eles e foram embora realizados, eu até hoje não sei se a conta seria positiva a favor deles realmente, mas precisávamos contribuir com algo, sei lá, uma espécie de “pagar ingresso” por aquela cena inspiradora. Eles não têm ideia da alegria que nos proporcionaram com essa visita. 

Dá gosto demais quando vivemos este tipo de situação, faz tudo se encaixar e valer a pena. Vocês têm ideia da satisfação que dá, nos dias de hoje, você flagrar dois garotos entregando-lhe clássicos e pesquisando livros nas prateleiras de poesia e literatura? É muito forte... Obrigado garotos. Voltem sempre...!!!