quarta-feira, 25 de maio de 2022

Relatos de viagem ao Brasil da poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen em 1966


"Quem vai do Rio a Brasília em geral toma avião. Mas o avião é uma máquina abstrata que resume as distâncias, sintetiza as montanhas, geometriza os campos. Os países ficam reduzidos a cidades e perdem a ligação consigo próprios. Muito cômodo, mas pouco existencial. Eu queria viajar perto da terra para a ver bem, para ouvir a sua voz e o seu silêncio, para sentir a sua respiração e seu perfume.

A viagem de automóvel do Rio a Brasília não me pareceu comprida porque eu ia à procura da distância. A distância não era um contratempo, mas sim um valor em si mesmo. Noutras viagens fui "ver terras". Ao Brasil vim "ver a terra", vim ver desdobrar-se o tamanho da terra.

Adorei o Brasil - adorei as praias enormes, as praias de areia e seda e o mar de água levíssima quese gasosa e os montes azuis e as palmeiras e os coqueiros, e o perfume roxo de Ártemis. E adorei as pessoas e a simpatia e simplicidade das pessoas. O Manuel Bandeira e o Carlos Drummond de Andrade receberam-me como uma irmã que vem de longe."

Trechos dos relatos da poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen sobre viagem ao Brasil, a convite do Governo Brasileiro, no ano de 1966, em matéria do poeta brasileiro Eucanaã Ferraz para a Revista Piauí N_159.

domingo, 22 de maio de 2022

A solidão pelo professor Jelson Oliveira


"É preciso que cada indivíduo se cultive na solidão para que adquira esse sentimento de distância e estabeleça, a partir de um amor a si, a condição para a expansão das forças vitais lato sensu."

"O homem que sofre de abundância de vida é capaz de levar a doença até suas últimas consequências e dela retirar os remédios para sua própria cura."

Trechos retirados do livro "A Solidão como Virtude em Nietzsche" do professor Jelson Oliveira. 

quarta-feira, 18 de maio de 2022

É preciso ter um lugar por Cesare Pavese


"É preciso ter um lugar, nem que seja pelo gosto de ir embora. Um lugar quer dizer não estar sozinho, saber que nas pessoas, nas plantas, na terra há algo de seu, que, mesmo quando você não está, fica esperando por você."

Trecho do livro "A Lua e As Fogueiras" do escritor e poeta italiano Cesare Pavese. 

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Trechos de poemas de Herberto Helder


Trechos de poesias pinçadas de livros do imenso poeta português Herberto Helder:

"Dai-me uma jovem mulher com sua harpa de sombra e seu arbusto de sangue."

"Beberei a sua boca, para depois cantar a morte e a alegria da morte."

"Meu desejo traz o perfume da tua noite."

"Um poema cresce inseguramente na confusão da carne."

"Há sempre uma noite terrível para quem se despede do esquecimento."

quinta-feira, 5 de maio de 2022

Infância por Louise Glück e Manuel de Freitas

 

"Nós vemos o mundo uma única vez, na infância. O resto é memória."

Louise Glück

"Pode-se fugir de tudo, menos da infância."

Manuel de Freitas

terça-feira, 3 de maio de 2022

Trechos de poemas de Antônio Franco Alexandre


Alguns trechos de poesias pinçadas de livros do poeta português Antônio Franco Alexandre:

"Venha comigo ver os nunca vistos desastres do jamais acontecido."

"O corpo em vão mastiga sede e sangue."

"Não julgues que me importam as roldanas do tempo no teu corpo."

"Vou dizer o que sei como quem mente."

"Já tudo te permites mesmo o espanto."

"Há um lugar incerto onde aconteço."

"Quando começa a ser poema, a frase destoa do veludo."

"Entre as folhas do ar o chão respira."