quinta-feira, 15 de abril de 2021

A morte de Luiz Fernando Borgerth, o artista da mágica ironia extraordinária

Eu gosto, sempre que possível, de pesquisar pelos abismos da internet, a quantas andam as criações e a vida dos meus artistas favoritos. Vou ali naquele portal de buscas, e digito o nome dela ou dele. Nesta semana resolvi matar as saudades e verificar se havia novas telas do artista carioca Luiz Fernando Borgerth, nascido em 1945, de quem eu tenho o privilégio de ter algumas telas, quando então, depois de verificar algumas novidades em sites de galerias e de leiloeiros, encontrei uma coluna de Walter Navarro, no portal "O Boletim", dando a notícia de que este grande mestre da arte, do desenho e da boemia, havia partido. Precisamente na noite de 31 de Março do ano passado (já há quanto tempo!). Em sua casa, na cidade de São Lourenço, sul de Minas Gerais. 

Grande perda. que pelo que notei foi noticiada exclusivamente por esta digníssima coluna. Vai aqui nosso agradecimento e nossos parabéns ao Walter Navarro pela excelente coluna do dia posterior a morte do artista e amigo pessoal do colunista. Foi uma linda e justa homenagem. Antes que todos insinuem, Borgerth não faleceu de COVID-19. Sua morte foi ocasionada por um infarto fulminante. Vale a pena lerem a coluna se puderem (Adeus, Conde Travassos – O Boletim – Informação, opinião e entretenimento).

Alguns sites de arte o identificam simplesmente como "o pintor conhecido pelas obras surreais utilizando miniaturas". Simplista demais. Pra mim, Borgerth tinha uma matéria prima peculiar, uma ironia quase adocicada, dificílima de ser atingida, quase cirúrgica, em torno dos eventos e socializações humanas. Possuía um imaginário fértil e sensual a respeito da convivência entre pessoas. Ele mesclava cenas cotidianas atuais, ora em ambientes medievais, ora em cenários futuristas extraordinários, tudo com maestria, juntava as épocas todas, em harmonia. 

O pecado não parece existir em suas telas. Em frente a crianças, cachorros, juízes ou soldados, há quase sempre mulheres nuas ou beberrões, em saudável convivência. A aceitação entre as pessoas é flagrante na postura e nos olhares das personagens, tudo é permitido. O bule é maior do que os homens. O peixe voa. A pescaria acontece por meio de uma engrenagem sofisticada e dourada. Tudo dentro de uma inocência quase infantil, de um boêmio que optou por arrefecer, e partir, na pacata cidade sul mineira.

Nossos profundos sentimentos a família e a arte brasileira pela morte de Luiz Fernando Borgerth (03/05/1945 - 31/03/2020).