cheia de paz e íntima da morte -
tão fresca e sombria
junto da minha respiração.
Para lá das palavras: escutamos
pulsações iguais - e apenas um
derradeiro sorvo de vida.
Na margem de negros lagos
volta a iluminar-se
este olho que só tu tornaste azul;
assim encostada ao teu regaço
e fechada no teu ventre
profundo, uno-me
ao teu peso mortal que se desvanece:
de tal modo que já não nos separa a terra -
mas para ambas se torna escura e leve.
Antônia Pozzi (1912-1938) - poeta italiana
Obra de arte de Amadeo Luciano Lorenzato (1900-1995)