Retirei tapetes de cortinas,
as mesas nas quais há muito não como nem escrevo.
Tirei os quadros e pintei os muros
para apagar as marcas de tantos anos.
Guardei alguns livros. Sei bem quais.
Destruí cartas de amor.
Silenciosos, os amores
são agora icebergs errantes dos pensamento.
A casa, sem recantos para o medo,
despe-me os olhos. Nem a esperança
perturbará a última morte.
Outra casa não há para os que amo.
Joan Margarit (1938-2021), poeta espanhol
Obra de arte, um Dom Quixote, do artista mineiro Gledson Franqueira Amorelli
Nenhum comentário:
Postar um comentário